Venda Coberta de Puts: entenda essa estratégia
- Osmar José Angelin
- 25 de abr. de 2023
- 5 min de leitura
Categoria: Opções
A Venda Coberta de Puts (Covered Put) é uma estratégia que tem se tornado bem popular entre investidores que operam opções.
Este artigo tem por objetivo apresentar o racional da operação, sem entrar em detalhes sobre o melhor momento, strike e vencimento para montar ou manejos após montagem.
Vamos conhecer as características, vantagens e desvantagens dessa estratégia

À medida que o mercado de opções cresce no Brasil, a estratégia de Venda de Puts avança. Ela é muito utilizada para otimizar a rentabilidade da carteira ou para comprar um ativo a um preço mais atrativo.
A primeira coisa que o investidor precisa observar é que se trata de uma put, ou seja, uma opção de venda. Dessa forma, os direitos e obrigações são diferentes de uma call.
O comprador (titular) de uma put tem o direito de vender a ação no preço do strike se assim o desejar. Em contrapartida, o vendedor (lançador) de uma put tem a obrigação de comprar a ação no preço do strike se o titular exigir.
Em inglês, o termo usado para identificar uma Venda Coberta de Put é Covered Put.
Diferente da Venda Coberta com Calls, a Venda Coberta de Put não tem possui uma cobertura na própria estrutura.
Alguns investidores gostam de fazer uma estrutura diferente, vendendo a ação e a put. Essa estrutura também é chamada de venda coberta de put. Porém, é uma estratégia que está mais direcionada a quem quer uma alternativa para a simples operação de short em uma ação, reduzindo os riscos.
Aqui, trataremos de uma estrutura onde só venderemos a put, sem usar ações na montagem da estrutura. A montagem da estratégia na prática é simplesmente um short put.
Mas então, onde fica a cobertura da operação?
Simples. Na disponibilização do notional da operação em conta. Ou seja, deixando o valor financeiro para eventual exercício à disposição na conta da corretora.
O investidor pode montar a estratégia de formas diferentes, dependendo do seu objetivo específico.
Se o objetivo é apenas capturar o prêmio, o investidor tem que montar a estratégia buscando não ser exercido, priorizando strikes OTM.
Se, ao contrário, o objetivo é comprar o ativo mais barato, a montagem da estratégia normalmente implica em escolher strikes mais ATM, onde o prêmio é maior.
É importante salientar que não há uma proteção efetiva contra fortes quedas das ações.
O que a estratégia se propõe é reduzir o custo de aquisição ou fazer uma renda extra para ajudar a melhorar a rentabilidade da carteira.
Por isso, evite usar a estratégia com ações de empresas que tenham fundamentos ruins.
Outro ponto importante a observar é que, mesmo que pareça óbvio, não há garantia que você será exercido em sua put vendida. Portanto, caso o objetivo seja comprar mais barata uma ação, avalie bem se essa é a melhor estratégia, pois o preço da ação pode subir fortemente e você vai ficar sem conseguir comprá-la no preço desejado.
Ficou em dúvida sobre algum termo utilizado nesse artigo? Clique aqui para acessar um artigo aqui do blog que aborda os principais conceitos utilizados em opções.
Mas como é o operacional dessa estratégia?
A estratégia da venda coberta de put consiste em vender uma put e manter na conta corrente ou em uma aplicação com alta liquidez o valor financeiro necessário caso a put seja exercida, independente se sua estratégia tem o objetivo de comprar a ação ou apenas receber o prêmio.
Como o investidor terá um crédito por conta da opção vendida (recebe o prêmio), essa operação exige margem de garantia.
Pelo fato de vender a opção e receber o prêmio, ele se compromete a comprar as ações pelo preço do strike (preço de exercício), caso o titular da opção decida exercer seu direito de venda.
Exemplo 1 - objetivo de NÃO SER exercido:
Suponha que as ações do Itaú (ITUB4) tenham caído muito forte em um curto espaço de tempo, estejam sendo negociadas atualmente a R$ 25,37 e você acredite que ITUB4 não cairá abaixo de R$ 24,50 no vencimento da série de opções escolhida.
Como quedas fortes em curto espaço de tempo aumentam significativamente a volatilidade, você aproveita e vende 1.000 puts de strike R$ 24,45 e recebe um prêmio de R$ 0,80 por ação.
Nesse caso, o notional da operação é de R$ 24.450,00 (1.000 x 24,45). Assim, o ideal é você reservar esse valor e deixar aplicado em um investimento de liquidez diária até o vencimento das opções (não existe essa obrigação, mas é recomendável que esse valor fique empenhado para o caso de eventual exercício).
Se, no vencimento, o preço permanecer acima de R$ 24,45, a opção expirará, perdendo todo o seu valor e, você terá embolsado os R$ 0,80 por ação que recebeu ao vender as opções e poderá deixar liberado os R$ 24.450,00 da aplicação. Os R$ 800,00 (1.000 x 0,80) serão o lucro de sua operação.
Se, ao contrário, o preço das ações, no vencimento, estiver abaixo de R$ 24,45, o comprador da opção provavelmente exercerá seu direito de venda e você será obrigado a comprar as ações de ITUB4 a R$ 24,45. De toda forma, a opção expirará, sem valor. Ou seja, os R$ 0,80 por ação que você recebeu quando vendeu as opções ficarão com você. Teoricamente, você terá comprado ITUB4 a R$ 23,65 (24,45 - 0,80).
Exemplo 2 - objetivo de SER exercido (comprar mais barato):
Suponha situação semelhante ao Exemplo 1, em que as ações do Itaú (ITUB4) tenham caído muito forte em um curto espaço de tempo, estejam sendo negociadas atualmente a R$ 25,37 e você acredite que ITUB4 não cairá abaixo de R$ 24,50 no vencimento da série de opções escolhida.
Dessa , você aproveita e vende 1.000 puts de strike R$ 24,70 e recebe um prêmio de R$ 0,90 por ação.
Nesse caso, o notional da operação é de R$ 24.700,00 (1.000 x 24,70). Assim, o ideal é você reservar esse valor e deixar aplicado em um investimento de liquidez diária até o vencimento das opções (não existe essa obrigação, mas é recomendável que esse valor fique empenhado para o caso de eventual exercício).
Se, no vencimento, o preço permanecer acima de R$ 24,70, a opção expirará, perdendo todo seu valor, e você terá embolsado os R$ 0,90 por ação que recebeu ao vender as opções e poderá deixar liberado os R$ 24.700,00 da aplicação. Os R$ 900,00 (1.000 x 0,90) serão o lucro de sua operação.
Se, ao contrário, o preço das ações, no vencimento, estiver abaixo de R$ 24,70, o comprador da opção provavelmente exercerá seu direito de venda e você será obrigado a comprar as ações de ITUB4 a R$ 24,70. De toda forma, a opção expirará, sem valor. Ou seja, os R$ 0,90 por ação que você recebeu quando vendeu as opções ficarão com você. Teoricamente, você terá comprado ITUB4 a R$ 23,80 (24,70 - 0,90).
Lembrando que, em nenhum dos exemplos estão sendo considerados os custos com corretagem e despesas da bolsa de valores.
Observe que, no exemplo 2 , o strike escolhido foi acima do valor que o investidor acreditava que o preço de ITUB4 atingiria no vencimento, ou seja, a escolha do strike foi feito buscando aumentar a chance de ser exercido.
É importante lembrar que essa estratégia oferece riscos e pode não ser adequada a todos os investidores. Portanto, respeite seu perfil de investidor e veja se essa estratégia se adequa a ele.
Vamos, então, listar abaixo um resumo das principais vantagens e desvantagens dessa estratégia.
Vantagens
◘ Geração de Renda adicional para a carteira
◘ Redução do Custo de Aquisição da ação
◘ Estudos demonstram que tende a ser mais lucrativo que simplesmente comprar a ação
◘ A passagem do tempo e redução da volatilidade pós montagem favorecem a operação
Desvantagens
◘ Limitação de perdas indefinido (ação pode atingir R$ 0,00)
◘ Protege apenas parcialmente contra quedas do ativo-objeto (prêmio recebido)
◘ Limitação do lucro máximo, caso opção não seja exercida
◘ Requer margem de garantia, por se tratar de uma operação de crédito (opção vendida)
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