Renda Fixa: CRI e CRA
- Osmar José Angelin
- 19 de jul. de 2021
- 4 min de leitura
Seguindo com a série para ajudar a desmistificar os instrumentos de Renda Fixa disponíveis no mercado brasileiro, agora vamos abordar outros dois instrumentos de crédito privado que tem crescido na preferência do investidor, especialmente por conta dos benefícios tributários.
Nesse artigo vamos conhecer as características dos CRIs e CRAs.
CRI - Certificado de Recebíveis Imobiliários
De acordo com definição da B3, do ponto de vista do emisssor, o CRI é um instrumento de captação de recursos destinados a financiar transações do mercado imobiliário e é lastreado em créditos imobiliários, tais como: financiamentos residenciais, comerciais ou para construções, contratos de aluguéis de longo prazo etc.
Segundo dados da Cetip, o estoque valorizado registrado atingiu R$ 99,466 bilhões em 30/06/2021, um acréscimo de 24,4% sobre o saldo em 31/12/2020.
O CAGR (Compound Annual Growth Rate), ou taxa de crescimento anual composta entre o final de 2010 e o final de 2020, segundo os mesmos dados da Cetip, foi de 15,5% ao ano, o que mostra a relevância que essa modalidade de investimento no contexto geral da Renda fixa.
Geralmente o investimento pode ser feito a partir de R$ 1.000,00, o que o torna atrativo ao pequeno investidor.
CRA - Certificado de Recebíveis do Agronegócio
Segundo a B3, os CRAs são títulos de renda fixa lastreados em recebíveis originados de negócios entre produtores rurais, ou suas cooperativas, e terceiros, abrangendo financiamentos ou empréstimos relacionados à produção, à comercialização, ao beneficiamento ou à industrialização de produtos, insumos agropecuários ou máquinas e implementos utilizados na produção agropecuária.
Segundo dados da Cetip, o estoque valorizado registrado atingiu R$ 55,29 bilhões em 30/06/2021, um acréscimo de 14,95% sobre o saldo em 31/12/2020.
Os CRAs começaram a ter mais relevância a partir de 2014 e registraram um enorme salto no estoque especialmente entre os anos de 2013 e 2017, quando saíram de um estoque de R$ 968 milhões para R$ 30,153 bilhões.
O CAGR entre o final de 2010 e o final de 2020, segundo os mesmos dados da Cetip, foi de impressionantes 77,3% ao ano. Nos últimos anos esse crescimento diminuiu, mas ainda assim tem crescido a taxas superiores ao mercado total de renda fixa.
Da mesma forma que os CRIs, em geral é possível investir a partir de R$ 1.000,00.
Quem emite esses títulos de Renda Fixa?
Tanto CRIs como CRAs são emitidos por securitizadoras, que são instituições não financeiras constituídas sob a forma de sociedades por ações, que tem por finalidade a aquisição e securitização desses créditos e a emissão e colocação no mercado financeiro, geralmente com o auxílio de uma instituição financeira. Dessa forma, a securitizadora é responsável por pagar a empresa pelos recebíveis cedidos.
Como é a Remuneração?
Da mesma forma que as LCIs e LCAs, basicamente, a remuneração dos CRIs e CRAs podem ser feitas de 3 formas distintas:
1) Pré-fixados, onde os juros são previamente combinados com o investidor. Dessa forma, o investidor consegue saber exatamente o quanto receberá no final do período combinado.
Por exemplo, se for investido R$ 10.000,00 em um CRI por um prazo de 1 ano, a uma taxa de 8% ao ano, o investidor sabe que, ao final do período, o valor a receber será de R$ 10.800,00 (R$ 10.000,00 + R$ 800,00 de juros).
2) Pós-fixados, cuja rentabilidade estará indexada a um % do CDI do período contratado.
Os CDIs (Certificado de Depósitos Interbancários) são empréstimos feitos entre instituições financeiras. O CDI normalmente fica pouco abaixo da taxa Selic Meta, divulgada pelo Banco Central. Se quiser saber o CDI de um determinado período, você pode consultar o link https://calculadorarendafixa.com.br/#/navbar/calculadora e informar o período desejado.
3) Indexados à inflação ou ao CDI, onde a rentabilidade está associada a um índice de inflação, geralmente o IPCA ou ao CDI mais uma taxa pré-fixada. Por exemplo, IPCA + 4% a.a ou CDI + 3% a.a.
E quanto à liquidez?
De um modo geral, como são investimentos geralmente de longo prazo, a liquidez de CRIs é CRAs é baixa. De toda forma, as corretoras de valores costumam oferecer no mercado secundário negociações desses títulos, cuja disponibilidade depende do desejo de detentores desses títulos.
O mercado secundário para crédito privado tem crescido nos últimos anos, mas ainda é pequeno, o que faz com que muitos títulos não liquidez antes de seu vencimento.
No mercado primário, os títulos tem sua primeira negociação, sendo oferecidos pelo emissor diretamente ao investidor (normalmente por intermédio de uma corretora). No mercado secundário, o emissor não participa da negociação. Ela é feita de investidor para investidor, também por meio de um intermediário, geralmente uma corretora.
Quais as garantias desses títulos?
Ao adquirir um CRI ou CRA é importante observar a capacidade de pagamento de quem de fato captou esse recurso. A securitizadora, que é responsável pelo fluxo de pagamento, tem os recebíveis formalmente separados do seu patrimônio. Ou seja, se ela tiver dificuldades financeiras, o fluxo de pagamento aos investidores não será afetado. O que pode afetar esses fluxos é as empresas que receberam os recursos investidos não efetuarem os pagamentos.
De toda forma, CRIs e CRAs são lastreados em operações como financiamentos imobiliárias ou do agronegócio, o que ajuda a mitigar o risco, porém não elimina.
Diferente das LCIs e LCAs que estão cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito - FGC, os CRIs e CRAs NÃO possuem essa cobertura, pelo fato de serem emitidas por securitizadoras e não por instituições financeiras.
Em parte, por não ter essa cobertura, CRIs e CRAs tendem a oferecer rentabilidades mais atrativas que as LCIs e LCAs.
Tributação
As regras de tributação de CRIs e CRAs são as mesmas das LCIs e das LCAs, ou seja, são isentas de Imposto de Renda para Pessoa Física.
Pessoa Jurídica segue a Tabela Regressiva do IR, qual seja:
Até 180 dias 22,5%
De 181 a 360 dias 20,0%
De 361 a 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15,0%.
Categoria: Renda Fixa
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